24 de julho de 2013

Revezamento de filhos para ver o time de coração pode ser uma solução por @MarcosCoelhoHD


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Nascidos um para o outro, Flamengo e Maracanã se reencontrarão no próximo domingo, após três anos, no clássico contra o Botafogo. Desde o ano 2000, para se adequar ao padrão FIFA, o antigo maior do mundo sofreu muitas alterações em seu visual, consequentemente afastando grande parte do seu público, mesmo sendo “sem querer”. Os padrões da entidade máxima do futebol exigem que todos os locais do estádio tenham assentos. Mataram a geral e os ‘geraldinos’. Mas as democráticas cadeiras azuis conseguiram acolher os populares, sendo chamadas de “Geral VIP” por alguns até a interdição para a última reforma, em 2010.

Essa mudança de visual e de hábito dos torcedores, na hora de comprar o seu ingresso e torcer, faz alguns caras com a cabeça um pouco antiga, como eu, refletirem um pouco. Vamos supor que eu tenha 35 anos, receba um salário mínimo e meio, o que é a realidade da maioria dos brasileiros (tem flamenguista que recebe muito menos), e tenha dois filhos, um de 13 e outro de 16 anos. Meus mulambinhos não trabalham, apenas estudam, pois faço de tudo para que eles tenham um futuro melhor e recebam mais que um salário mínimo e meio quando chegarem aos 35 anos. Em 2009, eu sentiria vontade de levar os jovens ao estádio, para ver um jogo qualquer, nas cadeiras azuis. Eu pago inteira, uns R$ 20, e meus filhos pagam meia, por conta da idade. No total, eu gastaria R$ 40 com os bilhetes, R$ 15 de passagem (Estou ciente que em 2009 eu pagaria bem menos) e uns R$ 15 com lanche, pois qualquer cachorro quente mata a nossa fome. Nosso passeio custaria R$ 70.

Hora de mudar o tempo e supor que a situação financeira da minha família, citada anteriormente, fosse hoje. Eu não teria condições de ser um sócio-torcedor do clube, pois tenho que colocar comida em casa, além de produtos de limpeza e roupa para vestir. Também não tenho condições de assinar um pay per view e não curto ver jogo de futebol em bar. Sim, sou meio chato. No lugar mais barato do Maracanã, eu pagaria R$ 100 e meus dois filhos R$ 50 cada. Três passagens pra ir e três para voltar... Mais R$ 16,50. Lanche para nós três? Acho que R$ 30 é o suficiente, pois sou muito otimista. O passeio em família, sem a minha esposa que supostamente não gosta de futebol, custava R$ 70 em 2009 e R$ 246,50 em 2013.

Talvez as grandes entidades do futebol queiram que eu leve um filho de cada vez ao estádio, pois isso faz bem. Irmão nunca briga por ciúme e minha suposta esposa adoraria a minha atitude. Não é?

Padrão FIFA ou Consórcio S/A, existe algum culpado para a extinção do torcedor que eternizou o estádio mais democrático do mundo. Aquele torcedor que tinha a liberdade de levar um pedaço de bacalhau para o estádio e tirar um sarro dos amigos rivais quando as câmeras começassem a filmar, ou até o rival que levava um urubu para o mesmo setor, do lado oposto do estádio. O torcedor sem dente que pegava qualquer trocado que achava para ver o seu time de coração jogar acabou? Será que ele virou sócio torcedor? Assinou o pacote do Brasileirão para ver em sua casa? O objetivo era progredir, mas acho que esse torcedor está procurando o seu radinho de pilha, ou procurando algum vizinho ou familiar, financeiramente favorecido, para poder acompanhar o seu time de coração.

Pode ser um exagero meu, mas se mudassem o nome do lugar não ficaria muito ruim. O Maracanã foi palco de Dida, Leônidas, Zagallo, Pelé, Garrincha, Nilton Santos, Roberto, Zico, Casal 20, Romário, Tulio Maravilha, Edmundo e outros mortais, todos com características de povão. É possível imaginar o gol de barriga sendo visto por torcedores sentados? E o jogo da vingança do Flamengo em 1981? Qual seria a reação do novo torcedor ao vero Romário mandando todos se calarem? Acho que obedeceriam. Até vi pessoas comentando Arena Mario Filho, mas tenho certeza que este não está nada satisfeito, independente de onde esteja, com a atual situação do nosso eterno “cinzeirão”. O futebol é o esporte do povo, assim como o Maracanã sempre foi e deve ser.

Observação: o salário mínimo em 2009 era de R$ 510 e hoje é de R$ 678.

Texto escrito pelo jornalista Marcos Coelho (@MarcosCoelhoHD)


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Um comentário:

  1. Agradeço a este espaço democrático por dar oportunidade do torcedor escrever sua opinião seu sentimento, tenho costume de ser educado e respeitador por isso tenha certeza que jamais vou ofender alguém ou alguma coisa, já que o que me interessa é ser UMA VEZ FLAMENGO, SEMPRE FLAMENGO.

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