19 de abril de 2011

Meu segundo nascimento


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Bom mesmo de Ser Flamengo é compartilhar histórias inesquecíveis. O Autor dessa história, devidamente identificado ao final dela, nos mandou um email falando do segundo nascimento dele. De uma forma tão especial e foi um daqueles momentos mágicos que só quem é Flamengo é capaz de entender.

"Olá! Segue abaixo a história (pra lá de verídica) da maneira como escapei da "maligna" influência botafoguense do meu pai e me tornei rubro-negro.

Lá se ía o ano de 1978. Eu, do alto dos meus 7, 8 anos, ainda não tinha time definido para torcer. Meu pai, botafoguense, fazia certa pressão mas eu não me empolgava muito com a ideia. O Botafogo estava no meio do seu jejum de títulos (que durou 21 anos) e não ganhava nada! No ano anterior, Fla e Vasco fizeram uma empolgante final de Carioca, com o Bacalhau ganhando. Olha aí, quase que sigo a onda e viro vascaíno (vá de retro)!!!! Mas, em 1978, meu pai arrumou um emprego na Marinha Mercante e passou a viajar, passando de 2 a 3 meses fora de casa. Eu morria de vontade de ir ao Maracanã mas ele nunca me levava e agora, viajando, ficara mais difícil. Vendo esse meu desejo, um tio, rubro-negro, frequentador assíduo do Maraca, resolve me levar num jogo do Mengão. Pois começara ali a minha simpatia pelo rubro-negro. Lembro do Fla ganhando o jogo contra o América (2 a 1, se não me engano) e decidi, meio tacitamente, que seria rubro-negro. O negócio era dar a notícia ao meu velho, o botafoguense mais anti-Flamengo que conheci.

Mas eis que chega o dia 3 de dezembro de 1978. Final do Carioca. Com o Maracnã lotado por 120 mil almas, a Globo resolve transmitir o jogo pro Rio de Janeiro. Sufoco total, o Vasco jogava pelo empate e enrolava o jogo. O Fla buscava o resultado mas não conseguia se sair muito bem. Lembro de estar em casa, vendo o jogo na TV, em família: eu, irmã de 3 anos na época, mãe e....meu pai, que tava de folga, em casa. E chega o momento fatídico: bola lançada na ponta direita, o lateral vascaíno, o tri-campeão de 70 Marco Antonio, se afoba e põe pra linha de fundo. Escanteio, 41 minutos do segundo tempo. Zico recebe a bola de um fotógrafo e corre pra marca de corner. Ele que nem costumava bater escanteios, vê o Rondinelli correndo feito louco desde a defesa, pedindo a bola na área. Zico cobra. Dinamite se desliga e deixa o Deus da Raça passar por suas costas. A bola passa a centímetros da cabeça do zagueiro (hoje técnico) Abel mas não pela de Rondinelli que fuzila um atônito Leão. Loucura no Maraca! E em numa casa em Realengo também!!! Meu pai descobre, da pior maneira, que perdera o filho pro time que ele mais odiava. Olha pra mim comemorando aos pulos e interroga minha mãe com o olhar. E ela, uma rubro-negra discretíssima, só faz responder:

- Não olha pra mim. Isso é culpa do Antônio!!

A partir dali o período mágico do Flamengo se inicia. Tri-carioca, Brasileiro, o troco dos 6 a 0 no Botafogo (imagina o meu pai nesse dia...kkkk), a Libertadores e o Mundial (que eu assisti, madrugada a dentro, pela TV). Vi Zico, Andrade, Nunes, Tita, Junior, aquele timaço que enchia os olhos de qualquer um. Um dos períodos mais felizes da minha vida de rubro-negro.

Hoje tenho 40 anos, tenhos dois filhos devidamente "rubro-negrizados" a quem conto essa história e se emociona ao vê-los com aquele brilho nos olhos. Aquele ano já está longe, meu pai já faleceu e meu tio Antonio, aquele que me levou a primneira vez ao Maraca, também. E eu, quem sempre me pergunta, respondo da mesma forma. Tenho duas datas de nascimento: a oficial, 04/11/1970 e a outra, que fez ter uma vida mais feliz. 03/12/1978.

Valeu pela oportunidade de contar essa história. Sei que, como essa, existem outras milhares. Mas obrigado, ao menos, por lê-la. Abraços

Marcelo Soares de Oliveira - No twitter: @Oliveiramso"

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3 comentários:

  1. PÔ, MANEIRO ESSE SEU POST..MAS O DEUS DA RAÇA TE ILUMINOU.. POR POUCA NÃO VIRA A CASACA. RSRSR
    PARABÉNS PELO BLOG!
    ABRAÇO
    SRN

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  2. eu também me lembro, e fiquei arrepiado, obrigado por me fazer voltar a minha infância. @isvanribeiro

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  3. Eu sou mais novo que o autor (sou de julho de 71), mas estava no Maraca ("santa maluquice" do meu pai). Inesquecível. Apesar dos sete anos de idade, ainda tenho nítidas as imagens da comemoração do gol e da confusão Zico-Guina no recomeço do jogo.
    Dentre milhares de significados, o gol do título "salvou" aquela geração, que já tinha "fracassado" em 75, 76 e 77. Mais um ano de derrota (o quarto seguido!) poderia trazer a famosa "faxina geral no elenco" ou "renovação necessária" Valeu, Rondi!
    Marcello Brum (@llmarcello)

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